segunda-feira, 25 de julho de 2011
Meu Juazeirinho
O lançamento da pedra fundamental de uma capela em honra de Nossa  Senhora das Dores, em 15 de setembro de 1827, no local denominado  "Fazenda Taboleiro Grande" (município de Crato) de propriedade do  Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, marca o início da história do lugar  que é hoje a cidade de Juazeiro do Norte. Conta-se que três frondosos juazeiros existentes em frente à capela, à  margem da antiga estrada Missão Velha-Crato, passaram a ser pousada  obrigatória de viajantes e tropeiros que viviam em andanças pelos  sertões. Com o tempo, começaram a surgir as primeiras moradias e pontos  de negócios, tendo início o povoamento. A fundação da cidade, porém, se  deve ao Padre Cícero.(Etimologia: o topônimo Juazeiro deve-se a uma  conhecida árvore, muito comum no Nordeste, que resiste à seca mais  inclemente, permanecendo sempre viçosa, chamada cientificamente  "ziziphus juazeiro". A palavra é híbrida, tupi-portuguesa: jua ou iu-à  (fruto de espinho) mais o sulfixo eiro. Em 1872 chega em “Joazeiro”, Cícero Romão Batista (foto). Oriundo da  cidade do Crato, o seminarista da Prainha fez voto de castidade aos doze  anos e substituiu o Padre Pedro como capelão da Capela N. S. Das Dores  do povoado. O local era um pequeno aglomerado humano com duas pequenas  ruas (rua Grande e rua do Brejo), onde habitavam poucas famílias. Entre  elas destacavam-se: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de  Menezes. Uma vez instalado em sua nova residência, Padre Cícero deu  início a sua ação evangelizadora e moralizadora. Modificou o costume da  população acabando pessoalmente com a bebedeira e a prostituição. Com  ele o povoado experimenta os primeiros passos rumo ao desenvolvimento. A  história de Juazeiro confunde-se, desde então, com a história do Padre  Cícero Romão Batista. Um fato extraordinário, acontecido pela primeira vez no dia primeiro de  março de 1889, transformou a rotina do lugarejo e a vida do Padre Cícero  para sempre. Naquela data, ao participar de uma comunhão reparadora,  oficiada pelo Padre Cícero, uma beata muito piedosa, chamada Maria  Magdalena do Espírito Santo de Araújo (foto), ao receber a hóstia  consagrada, não pôde degluti-la porque a mesma se transformou em sangue.  O fato repetiu dezenas de vezes e o povo acreditou que se tratava de um  novo derramamento de sangue de Jesus, sendo, portanto, um milagre, mas  tarde aceito também pelo Padre Cícero e outros sacerdotes da redondeza.  A partir de então história de Juazeiro tomou um novo rumo. A notícia  espalhou-se rapidamente, e romarias provenientes de todo o Nordeste  chegavam dia após dia para ver os panos manchados de sangue bem como  receber bênçãos do Padre Cícero. Muitos destes romeiros passaram a  compor a população local.  Apesar de ter sido testemunhado por muitas pessoas dignas, dentre eles  dezenas de padres da região e ter sido atestado por dois médicos e um  farmacêutico como sendo um fato sobrenatural, a igreja nunca considerou o  sangramento da hóstia como um milagre. Por conta das decisões de Roma,  Padre Cícero injustamente acusado desobediência e de estimular a crença  no pretenso milagre, foi punido pela igreja com a suspensão de suas  ordens, ficando proibido de celebrar por muitos anos.  Tem início o comércio religioso, constituindo-se na principal fonte de  recursos que financiaram as obras e empreendimentos da cidade.  O  processo de crescimento da cidade também revela a capacidade de  organização social da época e a integração entre vida social, política e  religiosa. A característica de composição da população por pessoas de  fora, se traduz na diversidade cultural que Juazeiro conserva até hoje.  Em 1909 havia em Juazeiro 15.000 habitantes. Foram construídas igrejas,  abrigos para romeiros, ruas, escolas, fábricas e comércios. Todo esse  processo de evolução teve a igreja como principal empreendedora, doando  terrenos para instituições e vários estabelecimentos. Na primeira década  do século XX, o povoado de Juazeiro já havia alcançado um considerado  nível de desenvolvimento, mas continuava pertencente ao município de  Crato. Isso começou a incomodar os juazeirenses, surgindo daí o desejo  de independência. Um movimento emancipalista iniciado por eminentes  cidadãos locais e liderado pelo Padre Cïcero, o médico baiano Dr. Floro  Bartolomeu da Costa, o Padre Joaquim de Alencar Peixoto e o Professor  José Teles Marrocos, culminou com a vitória em 22 de julho de 1911,  quando foi assinada a Lei No. 1.028 que elevou o povoado à categoria de  Vila e Sede do Município. No dia 4 de Outubro de 1911, a Vila de  Juazeiro foi inaugurada oficialmente e o Padre Cícero foi empossado como  seu primeiro Prefeito ou Intendente, como se chamava naquela época.  No dia 23 de julho de 1914, através da Lei No. 1.178, a Vila de Juazeiro  foi elevada à categoria de Cidade. Esta data, porém, não é comemorada.  Prevalece a data de criação do município. Juazeiro cresceu rapidamente e  teve grande participação na história política do país. Em uma das mais  marcantes passagens, um levante sai de Juazeiro para depor o governador  empossado pelo presidente Hermes da Fonseca. Os romeiros de Juazeiro  tomam as cidades do Crato, Barbalha, Campos Sales, Iguatu, Senador  Pompeu e Quixeramobim, e cercam a capital do Estado fazendo o Governo  Federal voltar atrás e nomear outro interventor, ficando o Padre Cícero  como vice-presidente (vice-governador) do Ceará. Em outro momento  (1934), Pe. Cícero solicitou verba para formação de um batalhão de  combate à Coluna Prestes. No dia 9 de setembro de 1943, em uma reunião  realizada na biblioteca municipal foi adotada a denominação de Juazeiro  do Norte. Já neste período grandes obras eram realizadas na cidade, como  a construção de hospitais, um matadouro público, o 1o campo de aviação  do interior, a escola normal, a Capela de N. S. do Socorro, e as  estratégias de convivência com a seca.  No dia 20 de julho de 1934, aos 90 anos, morre o Padre Cícero. Todos os  seus bens são doados, via testamento do Padre, à ordem Salesiana.  Após a morte de Padre Cícero as romarias se intensificam ainda mais,  dinamizando o comércio local. O artesanato, a arte e o folclore têm  impulso com a religiosidade. Artesãos, comerciantes, agricultores,  músicos, poetas de cordel e pesquisadores cultivam e difundem a figura  mística de Pe. Cícero em suas casas, nas ruas, no comércio e na arte,  por todo o Brasil.  Juazeiro do Norte cresce a passos largos, tornando-se em pouco tempo a  maior cidade do interior cearense. Referência:  Arquivos da prefeitura municipal
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Ow minha linda cidade!
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